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Internação Domiciliar: um grande trunfo no futuro da saúde pública e privada


O Home Care surgiu nos Estados Unidos em 1947 na era pós-guerra quando várias enfermeiras se reuniram e passaram a atender e cuidar dos pacientes em casa. Somente na década de 1960 é que o atendimento domiciliar tomou mais vulto e a ideia de “desospitalização precoce” começou a ser levada a serio. Após tantos anos de experiência aqui no Brasil, nos deparamos hoje com um projeto bancado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Muito mais que um projeto audacioso, vislumbra um horizonte que, hoje, já é uma realidade com os pacientes que possuem planos de saúde. O atendimento domiciliar possui inúmeras vantagens, entre elas: redução do risco de infecção hospitalar, baixo custo hospitalar, maior interação da família, recuperação mais rápida, etc. Percebemos que o paciente tratado em casa, vivenciando sua rotina habitual, se mostra sensível à assistência prestada pelos profissionais de saúde e busca sua reabilitação de forma mais afinca, resultados que podemos vivenciar no dia a dia, com as visitas às suas residências.

Os leitos hospitalares escassos, a população com maior perspectiva de vida (maior número de idosos), altos custos com saúde, planos de saúde mais caros e com mais restrições, tudo isto leva-nos a buscar alternativas que visem tratar o paciente sem que, com a sua admissão no hospital convencional, produza um efeito de “inchaço” no já sofrido sistema de saúde pública e, porque não dizer, também nos grandes hospitais da saúde complementar. Neste contexto, vejo que a saída mais sensata a estes problemas, sem dúvida, chama-se atendimento domiciliar. Uma recente pesquisa feita pelos norte-americanos mostrou que 9 entre 10 pacientes optariam pelo home care a outro cuidado médico institucionalizado. Isto reflete o desejo inato do ser humano: ser tratado em casa.

Na ânsia pela busca contínua de redução dos custos na área de saúde, a Internação Domiciliar é vista como uma excepcional alternativa. É bom para o paciente porque ele é tratado junto à família, com atendimento personalizado 24h, com tudo em volta, inclusive e, caso suas condições permitam, sua “comidinha caseira”. É bom para a família que não precisa se desestruturar com deslocamentos complicados, estacionamentos, engarrafamentos, eventual falta ao trabalho (com a manutenção do emprego), além da gratificante realidade de ver seu parente sendo acompanhado por equipes de profissionais dentro da sua própria casa. E o mais significativo, sem ônus financeiro para a família. E com uma vantagem enorme: a impossibilidade do paciente de contrair uma infecção hospitalar.

É bom para o Hospital, como dissemos acima, pois permite uma maior rotatividade de seus leitos, abrindo espaço para pacientes instáveis que precisam realmente de UTI’s, cirurgias, politraumatizados e outras enfermidades agudas. A otimização de seus leitos acarretará numa maior margem de lucro pelo fato do hospital não precisar elevar o seu efetivo de pessoal, apenas permitirá capacitá-lo melhor com treinamentos mais específicos. Por sua vez, o dinheiro que seria destinado a obras de expansão poderia ser canalizado para a melhoria do atendimento, aquisição de equipamentos mais modernos e outras prioridades antes não previstas.

E, finalmente, é muito bom para os Planos de Saúde, cuja principal preocupação são os custos hospitalares. A formatação do Home Care reduzirá de forma drástica as despesas com internações hospitalares. Além do que, determinadas empresas de Home Care, já prevendo as tendências do futuro da saúde da população mundial, estão investindo na área de atendimento domiciliar preventivo, gerando, com isto, mais redução de custos de re-internação.

Hoje, já com todo avanço promovido pelo Governo Estadual, este serviço vem se vislumbrando como uma grande realidade no serviço público que já se faz, há muitos anos, com toda segurança no serviço privado, e com baixo custo, o tratamento de pacientes em sua casa, nos mais variados níveis de complexidade: desde a administração de antibióticos venosos com cuidados de enfermagem 24 horas, até pacientes com necessidade de oxigenoterapia e crônicos sob ventilação mecânica.

Se hoje pudéssemos retirar dos grandes Hospitais públicos os pacientes candidatos à internação domiciliar, certamente, pelo menos 40% dos leitos hospitalares estariam disponíveis para atendimento à população que deles realmente precisam. Só para se ter uma ideia deste impacto, na maior emergência do Estado, o Hospital da Restauração, isto abriria, de imediato, 12 novos leitos de UTI para atender a pacientes vítimas de trauma.

A internação domiciliar é uma grande arma contra a superlotação e falta de leitos nos hospitais. Basta um olhar mais atento daqueles que movem a máquina pública, no sentido de aperfeiçoar este modelo de assistência que em muito beneficia os pacientes que dele necessitam.

Fonte:
José Pereira Galvão Junior
Diretor-médico do Hospital Santa Efigênia

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